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Rua Cimo de Vila (maio de 2011)

Sexta-feira, 22.05.20

 

 

 

Iremos fazer uma pequena incursão pela Rua Cimo de Vila (imagens de maio de 2011)

Esta artéria tem início na Rua 1.º de Maio e vai até à estrada nacional 103.

 

Cimo de Vila 2_InPixio_ms_P&B

Iremos acompanhar as imagens com o poema "Realidade" de Álvaro de Campos, (heterónimo de Fernando Pessoa) in "Poemas".

 

REALIDADES

 

Sim, passava aqui frequentemente há vinte anos...

Nada está mudado — ou, pelo menos, não dou por isto —

Nesta localidade da aldeia...

 

Há vinte anos!...

O que eu era então! Ora, era outro...

Há vinte anos, e as casas não sabem de nada...

 

Cimo de Vila 3_InPixio_ms

 

Vinte anos inúteis (e sei lá se o foram!

Sei eu o que é útil ou inútil?)...

Vinte anos perdidos (mas o que seria ganhá-los?)

 

 

Tento reconstruir na minha imaginação

Quem eu era e como era quando por aqui passava

Há vinte anos...

Não me lembro, não me posso lembrar.

 

Cimo de Vila 5_InPixio_ms

 

O outro que aqui passava, então,

Se existisse hoje, talvez se lembrasse...

Há tanta personagem de romance que conheço melhor por dentro

De que esse eu-mesmo que há vinte anos passava por aqui!

 

Cimo de Vila 6_InPixio_ms

 

Sim, o mistério do tempo.

Sim, o não se saber nada,

Sim, o termos todos nascido por aqui (ou não)

Sim, sim, tudo isso, ou outra forma de o dizer...

 

Daquela janela do primeiro andar, ainda idêntica a si mesma,

Debruçava-se então uma rapariga mais velha que eu, mais

lembradamente de azul.

 

Cimo de Vila 9_InPixio_ms

 

Hoje, se calhar, está o quê?

Podemos imaginar tudo do que nada sabemos.

Estou parado física e moralmente: não quero imaginar nada...

 

Houve um dia em que subi esta rua pensando alegremente no futuro,

Pois Deus dá licença que o que não existe seja fortemente iluminado,

Hoje, descendo esta rua, nem no passado penso alegremente.

Quando muito, nem penso...

Tenho a impressão que as duas figuras se cruzaram na rua, nem então nem agora,

Mas aqui mesmo, sem tempo a perturbar o cruzamento.

 

Cimo de Vila 11_InPixio_ms

 

Olhamos indiferentemente um para o outro.

E eu o antigo lá subi a rua imaginando um futuro girassol,

E eu o moderno lá desci a rua não imaginando nada.

 

Talvez isso realmente se desse...

Verdadeiramente se desse...

Sim, carnalmente se desse...

 

Cimo de Vila 10_InPixio_ms

 

Sim, talvez...

 

 

Álvaro de Campos, in "Poemas"

Heterónimo de Fernando Pessoa

 

 

Bom ... o poema já terminou e ainda vamos a meio caminho da Rua Cimo de Vila.

 

 E ... agora que ela começa a subir ...

 

... vamos ganhar "fôlego" para descobrir,  outros recantos/ encantos desta Rua de Cimo de Vila.

 

 

Republicação (adaptada) de 07 de maio de 2011, in: https://aguasfrias.blogs.sapo.pt/2011/05/07/

 

 

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publicado por Mário Silva às 00:07






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